Tarifaço, safra com menor rendimento e clima marcam mercado de café em 2025

  • 18/12/2025
(Foto: Reprodução)
Preparo do Café no Complexo Japy, em Guaxupé, para exportação para 50 países - Crédito: Divulgação O ano foi marcado pelo impacto do tarifaço imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump, que trouxe grande apreensão ao mercado de café. Após intensas negociações, o cenário acabou se revertendo, trazendo alívio às exportações brasileiras. Em síntese, se por um lado o setor enfrentou preocupações com as tarifas anunciadas pelos Estados Unidos, rendimento de safra abaixo do esperado e adversidades climáticas, por outro, os preços se mantiveram elevados ao longo do ano, acima do custo de produção, garantindo receitas positivas com exportações e mantendo o café brasileiro competitivo no mercado internacional. Entre desafios e conquistas, o superintendente comercial da Cooxupé, Luiz Fernando dos Reis, faz uma avaliação do período vivido, já com atenção voltada para o futuro. Luiz Fernando dos Reis, Superintendente Comercial da Cooxupé – Crédito: Divulgação O tarifaço foi, sem dúvida, o tema que mais impactou o mercado de café no segundo semestre. Segundo Reis, o ano apresentou inúmeros desafios para o setor, especialmente pelo peso dos Estados Unidos como principal cliente e maior destino do café brasileiro. A medida mobilizou toda a cadeia produtiva, tanto no Brasil quanto no mercado norte-americano, em busca da reversão da decisão, que comprometia fortemente a competitividade do produto nacional. A preocupação da cooperativa se intensificou pelo fato de o café brasileiro ser um dos preferidos do consumidor norte-americano, em função de suas características sensoriais compatíveis com os blends consumidos no país. O crescimento da produção brasileira, sobretudo de arábica, ocorreu em paralelo ao aumento do consumo nos Estados Unidos, criando uma relação direta entre oferta e demanda. No caso da Cooxupé, com participação relevante nas exportações para esse mercado, o aperto entre oferta e demanda acabou reduzindo os impactos imediatos das tarifas, já que não houve excedente de café nem formação de estoques elevados. Ainda assim, a maior preocupação estava no médio e longo prazo, diante da possibilidade de uma safra maior sem acesso ao principal mercado consumidor. Café verde tipo arábica – Crédito: Divulgação Caso esse cenário se confirmasse, haveria um risco significativo para toda a cadeia produtiva, com dificuldades na realocação do volume exportado e enfraquecimento do poder de negociação. Os Estados Unidos importam, em média, cerca de 8 milhões de sacas de café brasileiro por ano, o que representa mais de 30% do consumo do país, evidenciando sua relevância estratégica. Após amplo esforço das entidades de classe, parceiros comerciais e contrapartes norte-americanas, foi possível demonstrar aos governos o impacto negativo da medida, resultando na reabertura do mercado para novas negociações, o que trouxe alívio ao setor. Além do tarifaço, o mercado de café enfrentou outros desafios importantes ao longo de 2025. O início do ano foi marcado por expectativas em relação à safra, com uma floração promissora, seguida por um pegamento muito abaixo do esperado. A falta de chuvas durante o desenvolvimento dos grãos afetou o rendimento, enquanto a forte oscilação dos preços, tanto na Bolsa de Nova York quanto no mercado físico, levou as cotações a recordes históricos. Apesar disso, houve bom volume de negociações por parte dos produtores, o que é considerado saudável para o setor. O ano também foi marcado por preocupações com abastecimento, formação limitada de estoques, elevada volatilidade e discussões em torno da lei europeia de desmatamento. A legislação europeia, conhecida como EUDR, esteve em debate praticamente durante todo o ano. Desde o início das discussões, a Cooxupé vem atuando em conjunto com outros exportadores brasileiros no desenvolvimento de uma plataforma única para fornecimento de informações exigidas pela norma. A cooperativa conta com um departamento de Geoprocessamento que subsidia os dados necessários para atender à legislação e repassá-los aos clientes. Ainda assim, o tema segue em fase de ajustes e amadurecimento, buscando conciliar a preservação ambiental com a fluidez das negociações. O Brasil, inclusive, possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, com exigências de APP e Reserva Legal que superam as regras de muitos outros países produtores. Há consenso de que ainda serão necessários novos ajustes na EUDR. A expectativa é de que seja preciso ao menos mais um ano para testar plataformas, validar processos com clientes e avaliar eventuais flexibilizações. Caso haja nova postergação da entrada em vigor, o período adicional permitirá que o setor se adapte de forma mais estruturada, evitando entraves comerciais e fortalecendo as negociações. No que diz respeito aos preços e ao comportamento dos produtores cooperados, 2025 foi caracterizado por forte volatilidade. Apesar de os preços terem se mantido elevados ao longo do ano, o setor ainda carrega reflexos de um longo período anterior em que as cotações ficaram muito próximas ao custo de produção, limitando investimentos. Mesmo assim, houve ganhos de produtividade antes das adversidades climáticas. A combinação de clima adverso, redução de estoques e juros elevados contribuiu para o aperto entre oferta e demanda, sustentando preços firmes, porém instáveis. Para quem opera no mercado, esse ambiente exige cautela, já que decisões tomadas em momentos inadequados podem resultar em perdas significativas. A expectativa é de que esse cenário se estenda para o início de 2026, com boas oportunidades antes da próxima safra. A recomendação é que os produtores aproveitem o momento para criar reservas, evitar endividamento excessivo e investir em áreas estratégicas, como irrigação e mecanização, reduzindo riscos climáticos e dificuldades com mão de obra. Após anos de dificuldades, o produtor chegou a um momento mais favorável, mas é fundamental manter disciplina comercial e atenção aos ciclos do mercado, que seguem sendo influenciados por investimentos de outras origens produtoras. As exportações da Cooxupé apresentaram desempenho positivo. Embora o volume de arábica exportado pelo Brasil deva ser ligeiramente inferior ao do ano anterior, a cooperativa deve manter sua participação e ampliar presença em alguns mercados estratégicos. Mesmo diante de desafios logísticos, como portos sobrecarregados, atrasos nos embarques e custos adicionais agravados por juros elevados, o balanço é considerado muito favorável, com receita recorde histórica. Lavoura de café arábica – Crédito: Divulgação Os bons preços permitiram que a cooperativa repassasse, em média, 90% do valor obtido nas exportações diretamente aos produtores, cumprindo o principal objetivo de gerar retorno justo e criar condições para novos investimentos nas propriedades. A busca por novos mercados ganhou destaque durante o período do tarifaço. A Cooxupé vem desenvolvendo projetos e participando de eventos internacionais para apresentar o valor do café brasileiro a novos clientes. No entanto, a abertura de mercados alternativos é um processo complexo, especialmente quando o principal destino enfrenta restrições. Com a retomada das negociações com os Estados Unidos, o cenário volta a ser mais favorável, ao mesmo tempo em que países emergentes apresentam grande potencial de crescimento no consumo de café. A cooperativa também acompanha de perto o comportamento dos jovens e dos novos consumidores. Há um movimento crescente tanto de jovens interessados na sucessão das propriedades rurais quanto de novos públicos que consomem café de maneiras diferentes, por meio de drinks e novas experiências. Esse perfil reforça a resiliência do consumo e gera otimismo para o futuro do setor. Por fim, a sustentabilidade segue como pilar central na produção e comercialização do café. A Cooxupé desenvolve projetos que valorizam toda a cadeia produtiva e aproximam o consumidor final da origem do produto. Em 2024, 42% do volume faturado pela cooperativa contou com algum tipo de selo ou verificação, seja por certificações, rastreabilidade ou protocolos próprios. A demanda por transparência e responsabilidade ambiental é crescente, e esse caminho é visto como irreversível. Ao agregar valor a uma commodity de margens historicamente apertadas, a cooperativa fortalece seus produtores, reconhecendo o esforço e ampliando oportunidades em nichos de mercado cada vez mais exigentes.

FONTE: https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/especial-publicitario/cooxupe-cooxupe-cooperatismo-confianca-cafe/noticia/2025/12/18/tarifaco-safra-com-menor-rendimento-e-clima-marcam-mercado-de-cafe-em-2025.ghtml


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