Câmara de Pouso Alegre rejeita criação do mês do orgulho LGBTQIAPN+ após aprovar Dia do Conservadorismo
21/10/2025
(Foto: Reprodução) Vereadores rejeitam projeto de criação do "Mês do Orgulho LGBTQIAP+" em Pouso Alegre
A Câmara de Vereadores de Pouso Alegre (MG) rejeitou o projeto de lei que previa a criação do mês do orgulho LGBTQIAPN+ no calendário municipal. A proposta, de autoria da vereadora Lívia Macedo (PCdoB), foi derrotada por sete votos a seis durante a sessão ordinária desta semana. O resultado ocorreu poucos dias depois da aprovação da lei que instituiu o Dia do Conservadorismo, celebrado em 10 de março, o que reforçou o clima de polarização política na Casa.
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O texto rejeitado previa um período dedicado à valorização da diversidade e combate à discriminação, com ações voltadas à visibilidade da comunidade LGBTQIAPN+, promoção dos direitos humanos e incentivo à cidadania. Para a autora do projeto, o resultado representa um retrocesso social e simbólico.
“Negar o orgulho é negar um espaço de representatividade e também um problema na nossa sociedade, que é a LGBTfobia, que gera violência e precisa ser enfrentada”, afirmou a vereadora Lívia Macedo.
Durante a mesma sessão, a parlamentar disse ter sido silenciada pelo presidente da Câmara, Edson Donizete Ramos de Oliveira (Republicanos), ao tentar se manifestar sobre outro projeto. O presidente negou a acusação e disse ter apenas seguido o regimento interno.
Câmara de Pouso Alegre rejeita criação do mês do orgulho LGBTQIAPN+ após aprovar Dia do Conservadorismo
Reprodução EPTV
“A vereadora pediu a palavra depois que o projeto já estava em votação e sem usar o microfone. O regimento determina que, após o início da votação, eu não posso voltar atrás”, explicou o vereador.
Repercussão e críticas
A decisão da Câmara gerou reações entre representantes da comunidade LGBTQIAPN+ de Pouso Alegre. Para o ativista e produtor do Festival da Diversidade, Pedro Razzúl, a rejeição reflete preconceito e impede avanços em políticas públicas.
“A lei permitiria promover ações de saúde, educação e cultura, além de reivindicar medidas de combate à violência e à discriminação. Nossa população ainda é invisibilizada e marginalizada. Um mês da diversidade seria um marco legal importante”, afirmou.
Entre os vereadores contrários ao projeto, Israel Russo (União Brasil) argumentou que a proposta teria viés ideológico, principalmente no ambiente escolar.
“Sabemos que há outras prioridades nas escolas, como combater o analfabetismo e melhorar o aprendizado. Eu falo isso com base em experiência própria”, disse o parlamentar.
Câmara de Vereadores de Pouso Alegre
Reprodução EPTV
Reflexo da polarização
Para o sociólogo Isaías Paschoal, os embates recentes na Câmara refletem a polarização política nacional. Segundo ele, pautas progressistas ligadas a direitos de minorias têm enfrentado resistência diante de uma agenda mais conservadora.
“Discussões sobre o futuro econômico e urbano de Pouso Alegre acabam ficando em segundo plano. A Câmara deveria equilibrar o debate e evitar que pautas culturais aumentem ainda mais a divisão social”, analisou.
A lei que cria o Dia do Conservadorismo já foi sancionada pelo prefeito e publicada no Diário Oficial do Município. Já o projeto do mês do orgulho LGBTQIAPN+ foi arquivado após a votação.
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