Daniel Vorcaro, preso pela PF, investiu R$ 300 milhões na SAF do Atlético com fundo suspeito de ligação com PCC
Dono do Banco Master foi preso no aeroporto de Guarulhos tentando deixar o país
A Polícia Federal prendeu, nesta segunda-feira (17), Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master e acionista da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Atlético-MG, no aeroporto de Guarulhos (SP).
Vorcaro é dono de 20,2% da SAF do Atlético, por meio do Galo Forte Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia (FIP). A origem desse dinheiro, cerca de R$ 300 milhões, é investigada por possível conexão com o PCC, no âmbito da operação Carbono Oculto, diferente da deflagrada nesta segunda (saiba mais abaixo).
Segundo as investigações, ele foi preso ao tentar deixar o país em um avião particular, no âmbito de outra operação, a Compliance Zero, que apura emissão de títulos falsos e crimes financeiros.
Após a prisão, Vorcaro foi levado para a Superintendência da PF em São Paulo. A defesa dele não foi localizada.
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🔎 Vorcaro foi alvo de uma operação que mira a venda de títulos de crédito falsos. Ou seja, a instituição emitia CDBs (Certificados de Depósito Bancários) com a promessa de pagar ao cliente até 40% acima da taxa básica do mercado. No entanto, isso não acontecia. O Banco Master já enfrentava risco de falência.
Entre 2023 e 2024, ele investiu cerca de R$ 300 milhões para adquirir a participação no Galo, ficando atrás apenas da família Menin (41,8%) e da Associação do clube (25%) entre os maiores acionistas do time.
O g1 também procurou o Atlético-MG para uma manifestação sobre a operação desta segunda, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
PF prende Daniel Vorcaro, dono do Banco Master
Reprodução
Origem do dinheiro
Antes da operação desta segunda, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) já apurava a origem dos recursos usados por Vorcaro na compra das ações. O Atlético não é alvo da investigação, e na ocasião informou, em nota, não ter conhecimento de irregularidades.
A suspeita é de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das principais organizações criminosas do país, segundo revelou o jornalista Rodrigo Capelo.
A investigação acerca da origem do dinheiro é um desdobramento da Operação Carbono Oculto, diferente da deflagrada nesta segunda-feira, que mirou um esquema de lavagem de dinheiro ligado à facção criminosa.
A prisão de Vorcaro também ocorreu um dia após um consórcio liderado pelo grupo Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Banco Master, negócio que previa aporte de R$ 3 bilhões e participação de investidores dos Emirados Árabes Unidos.
O Master já tinha tentado ser vendido ao Banco de Brasília (BRB), negócio esse que foi barrado pelo Banco Central (BC) há cerca de dois meses. Falta de transparência e pressões políticas interromperam os negócios e agravaram a situação da instituição.
Nesta terça-feira (18), o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Master e a indisponibilidade dos bens dos controladores e ex-administradores. Isso interrompe automaticamente o processo de venda ao Fictor.
A ação faz parte da Operação Compliance Zero, que cumpre sete mandados de prisão e 25 de busca e apreensão em cinco estados e no Distrito Federal.
São investigados crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa.
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